sábado, 3 de julho de 2010

Movimento Black Rio é celebrado em baile sem violência e músicas atuais



RIO - Nada poderia ser mais simbólico do que um túnel, decorado com luz negra, na entrada da quadra de esportes do River Futebol Clube, na Piedade. Através dele, na fria e chuvosa noite de sábado, cerca de 1.500 pessoas entram na festa Funk Soul Black e voltam no tempo, num moonwalk coletivo, para celebrar o passado e o chamado Movimento Black Rio. Trata-se de "um baile à moda antiga", como deixam claro o cartaz na porta do bar e também o "varal" com capas de discos antigos de James Brown, Big Boy, Ademir Lemos, Marvin Gaye e Dafé. O tamborzão está mudo: o funk aqui é de raiz.

- A ideia desta festa é voltar mesmo no tempo e lembrar os primeiros momentos do funk e do movimento black no Rio, antes que ele se transformasse no que é hoje. É uma verdadeira exaltação do passado - conta o DJ Português, que criou a festa há dois anos. - Fazemos cerca de duas edições por ano, sempre tentando mostrar, através da música, como foi o período áureo das grandes equipes de som dos anos 70 aos 90.

Na quadra, a estrutura para esse exercício de nostalgia é impressionante. Duas grandes paredes de caixas de som aguardam a entrada em cena dos DJs das equipes Soul Grand Prix e Live. Uma terceira já está em ação, com os DJs da Furacão 2000, despejando clássicos do funk melody e do charme para a massa, que desliza, com estilo e passinhos ensaiados, pela pista de dança.

- Eu estou nos céus aqui - diz o tatuador Luís Cláudio Carvalho, usando uma blusa, feita por ele mesmo, com uma imagem de Michael Jackson e os dizeres "Deus da dança". - É uma homenagem ao maior dançarino que existiu. Nas horas vagas, como hobby, eu faço imitações do Michael, com tudo o que é direito, chapéu, meia branca e luva.



A recomendação de Português para os seus DJs convidados é que toquem apenas com vinil e nunca, jamais, reproduzam qualquer coisa produzida nos anos 00, principalmente em português.

- O nosso som não é o dos MCs. A batida aqui é mais suave, e o clima também - conta.

Edições anteriores da Funk Soul Black já tiveram a participação de heróis da noite carioca, como o supremo DJ Corello, e também ícones dos bailes "da pesada", como o americano Stevie B., o rei do funk melody. Quem perdeu alguma dessas edições pode voltar no tempo - afinal, esse é o mote da festa - através de DVDs, com imagens das festas, vendidos no local por R$ 15.

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